quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

De grão a grão

"O espírito do monhé", cap. I, 3ª parte

"Aos 18 anos de idade emigrou para Almeirim, concelho de Azambuja, onde se dedicou esforçadamente à profissão de capelão, sendo carrasco em part-time devido ao reduzido conteúdo do cesto das gorjetas e porque o chaval com boné à "puto da fisga" lhe palmava os tustos todos, não lhe deixando uma única pataca. Já aos 19 anos, com um imenso espírito empreendedor e dotado de uma perspicácia fabulosa, desenvolveu a tese mundialmente conhecida: de grão a grão acabam-se todos os grões.

Simultaneamente ao que se passava na Mesopotâmia, ia preenchendo a sua lista de condecorações, sendo considerado o carrasco do ano de 1564 (1993 cabeças fora). Era uma época em que a inquisição não lhe dava descanso. Este facto levou-o a abandonar a profissão de capelão para ir cortar cabeças a tempo inteiro para o Havai, a serviço de um importante mafioso.

Montou na sua mula Albertina, pois o nosso herói era de um opinião que um homem de mula vale por dois, além de pensar que a bicicleta estava fora moda e que os triciclos eram para pessoas mais velhas, despediu-se confiante em si próprio, meteu a primeira e lá foi ele a caminho da terra prometida.

Mas, decididamente, aquele não era o seu dia de sorte, pois a meio caminho entre Almeirim e a Sibéria, o nosso herói foi atacado por um enxame de furiosos carapaus salteadores, os famosos "carapaus de corrida". O pobre monhé desistiu, perdão, resistiu, e possuidor de um notável espírito numismático e de um facalhão de talhante de longo alcance que lhe fora oferecido pelo Ghengis Khan aquando da sua primeira visita oficial a Santacombadão ao serviço do Vaticano, conseguiu superar a violenta investida dos seus opositores e ratou-os até à espinha, tornando-se posteriormente peixeiro.

Constantando que ficar o dia todo sentado numa câmara frigorifica a vender besugos não era a sua vocação, pegou nos seus bagulhos e decidiu seguir viagem."

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