"O espírito do monhé", cap. I, 6ª parte
"Já estava inserido no seu novo meio e no seu novo trabalho. Era extremamente desgastante e exigia muito de si pois, lavar, limpar, enxaguar, desentupir e desintoxicar a pia da casa-de-banho do secretário adjunto do encarregado, não era para qualquer um... O seu novo chefe era muito badalhoco e refilava por qualquer pequeno deslize, o que levava o pobre monhé a esmerar-se nas suas importantes funções de limpar o cagatório oficial lá do sítio.
Mas o seu famoso espírito inventivo não o abandonou, não tendo aguentado sequer duas semanas sem utilizar as suas famosas célulazinhas cinzentas (êxtase humorístico), que, diga-se de passagem, eram em reduzidíssimo número para uma cabeçorra tão grande. Foi despedido por inventar um revolucionário e poderoso desentupidor de sanitas que, não fosse o ajudante do cozinheiro o ter confundido com o frasco do fermento e o ter posto na salada de atum, o que matou centenas de refugiados kurdos por intoxicação, teria entupido as encanações num raio de milhares de kilómetros.
Depois de ver gorada mais uma tentativa de inserção na sociedade, decidiu regressar a Cabo Verde, onde novas e emocionantes aventuras o aguardavam..."

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